[RP FECHADA - Sala dos Professores] Don't stand so close to me

Depois de um quarto ano turbulento e de difícil adaptação no LICEU, e o tratamento de sangue frio que recebeu de seus pais durante as férias graças às notas daquele ano, Amara decidiu voltar para o quinto focada nos estudos. Seria uma nova mulher. Estudiosa, aplicada, participativa, cheia de sonhos e desejos, ainda que não tivesse tanta confiança em si mesma para garantir a permanência dessa sua nova personalidade. Por quanto tempo conseguiria?

A resposta veio no primeiro dia. "— Sangue novo." —  pensava, encarando Rafael, o recém-contratado professor de latim que sentava ao lado da mocoronga Santos durante todo o banquete de abertura. Ali mesmo ela decidiu que mesmo com amplo conhecimento na língua, graças aos seus anos em Beauxbatons, teria que se fingir de coitadinha de procurar ajuda. Afinal, latim é uma língua difícil.

Amara era uma bomba hormonal iludida, apaixonada pelo professor, que não ouviu absolutamente nada das explicações dadas em aula durante os primeiros dias. O sorriso bobo era sua maquiagem diária para as aulas — as quais ela apelidou de encontros — com o Marx, onde ela só conseguia pensar no quão mais gostoso ele ficava quando mostrava inteligência enquanto elucidava o conteúdo da disciplina. Hora ou outra, deixava escapar um suspiro, e fervia de raiva quando ouvia algum que não era seu. Rafael era mesmo jovem demais pra lecionar em um internato cheio de adolescentes. Sem comparar com os demais professores ele conseguia se destacar, imagine se usar o corpo docente como gabarito! Tenho a impressão de que aquele seria um ano difícil para ele também.

Quanto à Amara, o que faria a seguir? O que faria? A resposta correta é: seguir plena com sua vida, sem dar um passo fora da linha pois sua família jamais aceitaria outra expulsão. É... Mas já sabemos que isso não vai acontecer.

O fim da tarde de quinta-feira chegou e a Bissoli ainda não estava muito satisfeita com o dia de estudos. Sentia urgência em tirar uma dúvida com o seu professor preferido — pelo menos era isso que ela diria para começar uma conversa —, então seguiu para a sala dos professores. Não que ela seja uma stalker, nem nada do tipo, mas sabia de fonte segura que Rafael tinha o costume de descansar alguns minutos ali e finalizar algumas tarefas ao fim do expediente antes de ir para seus aposentos.

Parada diante da porta, ajeitou os cabelos de modo a deixar os cachos mais volumosos e estufou os seios escondidos pelo uniforme antes de bater à porta três vezes. Nenhuma resposta. — Barra limpa. — um sorriso espontâneo se abriu no rosto da garota quando ela girou a maçaneta e entrou. — Alguém aí? — chamou, falsária, fingia não saber. Seus olhos repousaram sobre o objeto de desejo em seu momento descanso, com um cigarro aceso entre os lábios. — Eu, ah, ehm... O que tá fazendo? — disse, gaga e afetada. Como assim "o que tá fazendo?" Isso é jeito de falar com um professor? Todo o seu roteiro ensaiado para aquele momento foi por água abaixo na primeira frase dita, mas elas ela ainda tinha esperanças de que seria possível contornar a situação.