Trama geral

Em 1870, no Rio de Janeiro, um capítulo sombrio da história desdobrou-se com a "Cisão dos Bruxos". Nessa época, uma tensão crescente entre brasileiros mestiços e nascidos-trouxas e os bruxos tradicionais do país culminou em uma revolta brutal. A disparidade de poder e privilégio gerou ressentimento e desconfiança: apenas bruxos de sangue puro poderiam estudar nas escolas bruxas do país e abrir estabelecimentos em localidades dominadas pela magia. Isso gerou um elemento de desigualdade social que afeta a sociedade bruxa brasileira até os dias atuais.

Em um cenário de crescente descontentamento, os mestiços e os nascidos-trouxas uniram-se, clamando por igualdade e reconhecimento. Incapazes de aceitar a supremacia dos bruxos, que há muito detinham o controle sobre a magia, eles se levantaram em protesto. A cidade viu suas ruas tomadas por tumultos e conflitos, um em especial conhecido como a "Revolta de Grumari", ocorrida na praia de mesmo nome, quando centenas de mestiços e nascidos-trouxas queimaram tábuas de madeira, muitas vezes advindas de suas próprias casas, para chamar a atenção do Ministério. O acontecimento fora registrado em capas de jornal por todo o país, e, logo, mestiços e nascidos-trouxas de diversas localidades tornaram a rebelar-se contra o sistema de formas semelhantes.

O confronto escalou para uma guerra caótica, com confrontos ferozes e batalhas mágicas que ecoaram pelas paisagens fluminenses. Enquanto muitos ansiavam por paz e harmonia, a batalha de egos e poder dividiu as comunidades e deixou cicatrizes duradouras.


No final dos anos 70, em São Paulo, ressurgiram as sombras da "Cisão Bruxa", resultando na criação de facções defensoras dos mestiços e nascidos-trouxas. O movimento da pureza do sangue bruxo ("Movimento Purista"), nascido em 1934, que visava manter a supremacia dos bruxos tradicionais, reacendeu as antigas cicatrizes com suas medidas eugenistas que, por mais que impostas de maneira mais sutil desde os anos 60, ainda imperavam.

Revoltados com a discriminação, alguns mestiços e nascidos-trouxas (e até sangues-puros indignados com a disparidade social da época) uniram-se para enfrentar as políticas discriminatórias. Protestos violentos irromperam nas ruas da cidade, marcados por confrontos com as autoridades e danos generalizados. Muitos manifestantes foram presos, tornando-se mártires do movimento pela igualdade.



Os resquícios da "Cisão Bruxa" dos anos 70 desencadearam uma reviravolta inesperada durante a Guerra Fria no início anos 80, quando mestiços e nascidos-trouxas brasileiros, principalmente da capital paulistana (onde se formaram as primeiras facções anti-puristas), orquestraram um movimento de traição da magia. A amargura persistente os levou a tomar medidas extremas para desafiar os bruxos de sangue puro.

Manipulando as crescentes tensões da época, esses indivíduos revoltados exploraram a vulnerabilidade dos puro sangue. Chantagem tornou-se sua arma secreta: eles ameaçaram expor a existência da magia para os trouxas e convenceram os puro sangue a ceder crianças bruxas de sangue puro para agências de espionagem como a A.B.I.N e a C.IA. Essas crianças seriam transformadas em armas poderosas durante o período de polaridade mundial, especialmente aquelas com habilidades únicas e incomuns, como legilimência, clarividência e, mais especificamente, o domínio do elemental sombra.

A traição da magia trouxe uma dinâmica sinistra ao conflito, transformando jovens bruxos em peões em uma disputa internacional de poder. Enquanto os puro sangue são forçados a sacrificar suas próprias crianças para evitar a revelação de segredos sombrios, a moralidade da magia e os limites da lealdade estão sendo questionados profundamente. Pouco tempo após a descoberta dos planos das facções anti-puristas, o Ministério da Magia Brasileira transferiu alguns aurores e outros funcionários para um novo departamento, o Comitê de Segurança Bruxa, que se responsabilizaria pela contenção de suas tramas infelizes.

O conflito toma proporções fatídicas quando seu principal cenário torna-se o Liceu Imperial da Instrução Bruxa Brasileira: antes um refúgio para crianças bruxas de todas as idades, o colégio torna-se um alvo perfeito para a atuação de facções chantagistas. O ano letivo de 1981 será marcado por eventos de caráter sombrio e misterioso, mas uma coisa está certa: as crianças e jovens mais corajosos do Liceu não irão ceder seus poderes assim tão facilmente.